Promovendo Retornos em Private Equity com Know-How Operacional
A engenharia financeira perde força à medida que a dívida barata deixa de ser uma opção.
Principais conclusões
- Consideramos que experiência operacional é o principal gerador de retorno em private equity hoje e nos próximos anos, superando as estratégias tradicionais de engenharia financeira que dependem de dívidas de baixo custo.
- Os gestores devem concentrar as melhorias operacionais em três áreas principais: estratégias comerciais, estrutura organizacional e processos de manufatura.
- Estamos identificando oportunidades atrativas, especialmente em carve-outs, nos setores industrial e de infraestrutura financeira, à medida que as empresas dessas áreas se desfazem de determinados negócios.
- Os EUA continuam sendo o maior mercado de private equity, entretanto, vemos oportunidades na Europa, Ásia-Pacífico e, notavelmente, no Oriente Médio, onde os governos estão adotando planos econômicos transformadores.
O mercado de private equity está bem posicionado em quase todas as frentes para participar de atividades abrangentes de negociações e ter um forte desempenho a partir de 2025. As taxas de juros caíram, valuations se estabilizaram e os proprietários de ativos estão mais dispostos a vender do que há alguns anos.
No entanto, a fórmula para o sucesso está mudando. Como as taxas de juros provavelmente continuarão bem acima dos níveis próximos de zero de antes da pandemia, os gestores de private equity não poderão depender tanto de dívidas baratas para financiar negócios e aumentar o valor dos ativos quanto faziam anos atrás. Em outras palavras, a engenharia financeira será muito mais desafiadora.
Em vez disso, enxergamos a experiência operacional como a principal estratégia que os gestores de private equity precisarão adotar para gerar retornos acima da média daqui em diante. Na nossa visão, para agregar valor, os gestores terão que arregaçar as mangas e se aprofundar na linha de produtos, na equipe e nas operações das empresas em seu portfólio.
3 Estratégias-Chave para Aprimorar as Operações
Na última década, muitos gestores de private equity usavam dívidas de baixo custo para adquirir ativos. Com a alta dos mercados financeiros, a receita dessas empresas adquiridas também costumava crescer. Com essa estratégia, os gestores contavam com a expansão de múltiplos para gerar retornos (ver Imagem 1).
Imagem 1: A Expansão de Múltiplos Impulsionou a Criação de Valor entre 2013 e 2023
Median Indexed Value-Creation Drivers for Global Buyouts

Source: DealEdge powered by CEPRES data; Bain analysis. See endnote 1.
Isso deixou de funcionar quando os bancos centrais aumentaram agressivamente as taxas de juros para conter a inflação durante a pandemia. A era do “dinheiro barato” havia acabado. Isso forçou os gestores a trabalharem mais e focarem na expansão de margens, não na expansão de múltiplos, para obter retornos.
Em nossa opinião, a abordagem mais eficaz para ampliar as margens e gerar retornos excedentes hoje é implementar melhorias operacionais significativas nas empresas do portfólio. Embora tenham caído recentemente, as taxas de juros permanecem elevadas, o que significa que os gestores de private equity devem continuar enfatizando a melhoria das operações nas empresas do seu portfólio. A implementação eficaz dessa abordagem, entretanto, requer tempo e um histórico de longa data.
Três áreas críticas nas quais se concentrar para melhorar as operações incluem:
- Estratégias comerciais: fazer uma avaliação completa dos produtos e serviços da empresa, territórios de vendas globais, estratégias de aquisição e práticas de governança. Mesmo nas empresas mais bem geridas existem oportunidades, como ajustes de precificação, foco nos investimentos de maior qualidade em crescimento e a otimização da estratégia de go-to-market da companhia.
- Estrutura organizacional: alinhar a estrutura e a estratégia de negócios da empresa, otimizar a hierarquia corporativa e o número de funcionários e garantir uma administração sólida.
- Operações de fabricação: implementar processos de ponta, aumentar a produtividade e reduzir as despesas fixas para produzir produtos de alta qualidade a um custo competitivo.
Com base na nossa experiência, a equipe de operações deveria ter a mesma importância que a equipe de investimentos em uma empresa de private equity e precisa estar envolvida desde a primeira reunião com a empresa-alvo até o dia da venda do negócio.
Embora os profissionais de operações tenham papel crítico no desempenho, acreditamos que a inteligência artificial (IA) também seja importante para melhorar sua capacidade de implementar as três principais estratégias. A nosso ver, a tecnologia de IA ajudará os gestores a focar em fluxos de trabalho de maior valor agregado, otimizar processos de fabricação, automatizar a codificação dos computadores, desenvolver planos de marketing, usar os dados da empresa para melhorar as estratégias de negócios e auxiliar nas tarefas administrativas.
Investing in a New Era
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Onde Encontrar Setores Atraentes
Existem oportunidades em quase todos os setores de negócios, mas vemos dois que oferecem o maior valor hoje e nos próximos anos: infraestrutura industrial e financeira. No setor industrial, os fabricantes de bens de capital e componentes industriais representam cerca de 50% do mercado, sendo que alguns grandes subsetores, como de embalagens, produtos químicos especiais e construção aeroespacial representam os outros 50%.
O ritmo lento de transações no mercado corporativo dos Estados Unidos nos últimos três anos gerou um acúmulo de oportunidades de investimento em private equity As empresas industriais, em particular, demandam um capital significativo para modernizar seus sistemas tecnológicos com ferramentas de IA e robótica, ao mesmo tempo em que trabalham para lidar com a escassez de mão de obra e melhorar a eficiência. Com o aumento das tensões geopolíticas nos últimos anos, muitas empresas industriais também estão investindo fortemente na “repatriação” dos processos de fabricação, o que ajuda a encurtar e reforçar suas cadeias de suprimentos. Vemos gestores de private equity intensificando esforços para fornecer grande parte do capital de que as empresas industriais precisam para financiar todas essas iniciativas.
Também observamos que muitas empresas industriais estão se colocando à venda ou se desfazendo ativamente de parte de seus negócios. Além disso, observamos que os potenciais compradores nos mercados públicos têm pouco interesse em adquirir esses ativos, o que aumenta as oportunidades para os gestores de private equity oferecerem opções de financiamento aos vendedores.
A infraestrutura financeira é outra oportunidade atraente para o private equity, desde sistemas de pagamento on-line até empresas de transferência de dinheiro e plataformas de gestão de patrimônio. As empresas e as pessoas querem fazer transações mais rápidas e frequentes de qualquer dispositivo, em qualquer lugar do mundo. No entanto, grande parte da base que sustenta essa infraestrutura ainda opera com sistemas analógicos e muitos ativos nesse setor são mantidos por empresas financeiras tradicionais que não têm a experiência necessária para fazer a migração de sistemas analógicos do velho mundo para operações digitais da nova era.
Os principais componentes do sistema financeiro global estão em um ponto de inflexão. Isso cria uma necessidade crítica de capital em escala, expertise operacional e insight diferenciado para apoiar os negócios por trás da movimentação do dinheiro (ver Imagem 2). A oportunidade de investimento em infraestrutura financeira, estimada em aproximadamente US$ 3 trilhões,2 abrange empresas que constituem a camada crítica de capacitação da economia financeira mundial. Muitas dessas plataformas financeiras, desenvolvedores de software e prestadores de serviços de dados essenciais são empresas operacionais de alta qualidade.
Imagem 2: Evolução do Analógico para o Digital Exigirá Capital Significativo e Experiência Operacional

Source: FIS, “Global Payments Report 2023,” Sep.2023. Roland Berger, “Tokenization of Real-World Assets,” Oct. 2023. Statista, “Bank encryption software market worldwide from 2018 to 2030,” Nov. 2023. IDC, “Worldwide GenAI Core IT Spending,” Dec. 2023.
Uma das principais estratégias que os gestores de private equity podem empregar à medida que as empresas dos setores de infraestrutura industrial e financeira começam a fazer desinvestimentos é o carve-out corporativo. Em um carve-out, uma empresa vende uma unidade de negócios, divisão ou subsidiária para uma firma de private equity. O gestor privado toma medidas significativas para estruturar o negócio desinvestido para torná-lo uma entidade independente. A atualização das linhas de produtos, o refinamento das estratégias, a otimização das operações de fabricação e a contratação de novos executivos pode melhorar a eficiência das operações, incrementar as vendas e aumentar as margens de lucro.
Em nossa opinião, a abordagem mais eficaz de private equity em ambos os setores é identificar empresas que vendem produtos e serviços essenciais, detêm uma participação dominante no mercado e geram receita recorrente. Como são líderes no setor e geram altas margens, muitas dessas empresas costumam ignorar oportunidades de redução de custos e aumento de eficiência. Ou pode ser que uma empresa tenha adquirido vários negócios ao longo do tempo, mas não tenha conseguido integrá-los à sua estrutura corporativa como deveria. Nesses casos, gestores de private equity com poder operacional excepcional e estratégias para alavancar o crescimento e a eficiência podem descobrir que essas empresas estão receptivas a ofertas de investimento.
Onde Encontrar Oportunidades Regionais
Os EUA continuam sendo o maior mercado de private equity do planeta e oferecendo as maiores oportunidades em quase todos os setores, especialmente no industrial. O crescimento da manufatura dos EUA ficou estagnado por décadas porque as empresas passaram a depender cada vez mais de cadeias de suprimentos internacionais para transferir sua capacidade de produção para o exterior. Como resultado, o investimento de capital e a produtividade da mão de obra das indústrias dos EUA diminuíram, juntamente com sua competitividade.
Hoje, essas tendências estão se revertendo. Com o avanço da tecnologia e as tensões geopolíticas crescentes, muitas indústrias dos EUA estão percebendo que podem reconstruir sua capacidade de produção doméstica. A rápida adoção da automação, robótica e machine learning eleva a eficiência e reduz custo, desperdício e escassez de mão de obra qualificada, além de melhorar a competitividade global. Em nossa opinião, o private equity fornecerá grande parte do capital necessário para as indústrias atingirem esses objetivos.
Vemos a Europa como uma região negligenciada, com muitos ativos disponíveis a preços interessantes para os gestores de private equity. Existem oportunidades de investimento especialmente interessantes em empresas líderes globais com sede na Europa. Isso ocorre porque essas empresas contam com uma base global de clientes e uma presença de produção que as isola das mudanças na dinâmica do comércio mundial. Muitas podem se beneficiar com melhorias operacionais para aumentar a produtividade e a eficiência. Acreditamos que um ambiente comercial mais complexo demanda um profundo conhecimento da indústria e capacidade para atender a requisitos significativos de capex.
A região Ásia-Pacífico está se tornando cada vez mais integrada e também oferece oportunidades de investimento. Tendo em vista as mudanças nas cadeias de suprimentos, vemos oportunidades de aquisição em empresas pan-asiáticas que não apenas buscam capital, como também experiência operacional e capacidade para desenvolver equipes executivas e implementar melhores práticas.
Por fim, uma região que está se desenvolvendo rapidamente e ganhando visibilidade de private equity é o Oriente Médio. O Conselho de Cooperação do Golfo (Gulf Cooperation Council, GCC) está tendo uma forte alta do produto interno bruto (PIB) em virtude do crescimento populacional, investimentos significativos em infraestrutura e expansão das relações comerciais (ver Imagem 3). Seus planos estratégicos para diminuir a dependência do petróleo criam oportunidades para provedores de capital privados com experiência na região.
Figura 3: o PIB do Oriente Médio Está Crescendo de Forma Constante

Source: IMF WEO Database.
A região está começando a diminuir a dependência do petróleo e seus governos estão desenvolvendo "planos visionários" para reformar a economia com indústrias baseadas em serviços que abracem a digitalização e a localização das cadeias de suprimentos. Essas tendências criarão enormes oportunidades para os provedores de capital privado de “valor agregado” com ampla experiência operacional para financiar as iniciativas desses planos visionários, principalmente nos setores de serviços empresariais e de consumo, industrial, de tecnologia e de saúde.
Notas finais:
1. Observação: indexado ao valor da empresa na entrada; inclui negócios de compra globais total e parcialmente realizados por ano de entrada; inclui negócios com capital investido de US$ 50 milhões ou mais; exclui imóveis; todos os valores calculados em dólares americanos.
2. Pesquisa interna da Brookfield.
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